O Centro Técnico Aeroespacial

(Carlos Fernando Rondina Mateus)


HISTÓRICO

Com a criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, que não é um organismo essencialmente militar, mas também engloba toda a aviação comercial, tornou-se evidente que o Brasil deveria formar engenheiros especializados para dar apoio às suas atividades aeronáuticas, bem como propiciar a implantação de uma indústria aeronáutica própria no País.

Para a consecução desses objetivos, tornava-se necessária a criação de uma instituição técnico-científica (ensino superior) de pesquisas e desenvolvimento. Assim, começava a tomar forma a idéia de um Centro Técnico que abrangesse o ensino, a pesquisa e a indústria aeronáutica.

Em novembro de 1945, o Presidente da República aprovou o plano geral da Comissão de Organização do Centro Técnico de Aeronáutica - COCTA, a se instalar em São José dos Campos - SP. A Comissão foi chefiada pelo então Major Casimiro Montenegro Filho, que com seu idealismo e uma invulgar visualização do futuro, auxiliado por conceituados membros do Massachusetts Institute of Technology - MIT, dedicou ao CTA os melhores anos de sua vida, sendo hoje, o Marechal Montenegro, reconhecido como o Patrono da Engenharia Aeronáutica Brasileira e o CTA conhecido como Campus Montenegro. A cidade, nesta época, já era famosa, não pelo polo industrial emergente, mas sim pelo clima propício ao tratamento da tuberculose, sendo a atividade agropecuária o principal meio de subsistência.


Maj.-Brig.-do-Ar Reginaldo dos Santos
- Diretor do CTA

Em março de 1947, foi constituído o primeiro grupo de trabalho e iniciou-se a transformação de uma cidade sanatorial em uma cidade onde a pesquisa e o desenvolvimento são a bandeira. Este foi um marco de uma nova era para uma região onde hoje gravita um parque industrial de grande envergadura, considerado como um dos mais aprimorados nos diversos ramos da indústria nacional.

As obras foram iniciadas, ainda em 1947, e sua primeira etapa concluída no primeiro semestre de 1950, o que permitiu o funcionamento de seu primeiro Instituto, o ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica, já no segundo semestre deste ano.

Em novembro de 1953 foi extinta a COCTA, sendo considerado organizado o Centro Técnico de Aeronáutica - CTA.

Em julho de 1971, com o advento da Reforma Administrativa e sua implantação no Ministério da Aeronáutica, o Centro Técnico de Aeronáutica passou a denominar-se Centro Técnico Aeroespacial - CTA.




MISSÃO

O Centro Técnico Aeroespacial é uma organização do Ministério da Aeronáutica que tem por finalidade a realização das atividades técnico-científicas relacionadas com o ensino, a pesquisa e o desenvolvimento aeroespacial de interesse da Aeronáutica.


Plataformas de Lançamento do Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) - Natal, RN

Para formar mão-de-obra especializada, conta com uma escola de engenharia, o ITA, que tem por objetivo a formação de profissionais de alto nível, mantendo cursos de graduação e de pós-graduaçào nos níveis de mestrado e doutorado, promovendo o progresso da ciência e tecnologia relacionado com as atividades espaciais.

Abrindo fronteiras para novas conquistas, conduz projetos de pesquisa e desenvolvimento nos setores aeronáutico e espacial, e participa da Missão Espacial Completa Brasileira, cabendo-lhe o desenvolvimento do Veículo Lançador de Satélites - VLS.

O CTA desenvolve pesquisas aplicadas na área nuclear, voltadas, principalmente, para os processos de enriquecimento isotópico por lasers e reatores especiais.

Desenvolve também projetos de navegadores inerciais, usando tecnologia de fibras ópticas e sistemas eletrônicos diversos de aplicações aeroespaciais. Realiza experimentos e desenvolve pesquisas na área de aerotermodinâmica, e utiliza métodos computacionais para simulações diversas de interesse do Ministério.

Ligando a pesquisa com a indústria, o CTA cumpre a sua missão de fomento ao parque industrial aeronáutico, criando as condições para implantação e consolidação desse setor industrial de ponta, vital para a segurança e o desenvolvimento do País. Este trabalho pode ser triplicado em suas ações de apoio, coordenação, normalização, metrologia, homologação e qualificação de empresas e produtos.


Ensaio funcional de separação do 1º e 2º estágios do VLS

O CTA está subordinado diretamente ao Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento - DEPED e, para o desempenho de sua missão, tem a seguinte estrutura:



ITA - Instituto Tecnológico de Aeronáutica; IAE - Instituto de Aeronáutica e Espaço;
IEAv - Instituto de Estudos Avançados; IFI - Instituto de Fomento e Coordenação Industrial;
GIA - Grupo de Infra-Estrutura e Apoio; IPV - Instituto de Proteção ao Vôo;
CPOR - Centro de Preparação de Oficiais da Reserva.



IAE

O Instituto de Aeronáutica e Espaço nasceu da fusão, em 07 de janeiro de 1991, do Instituto de Pesquisas e Desenvolvimento e do Instituto de Atividades Espaciais. É hoje o maior dos institutos do CTA com cerca de 1200 servidores e com um amplo conjunto de laboratórios, atuando como suporte dos projetos e atividades sob sua coordenação.


Ensaio de queima em banco do 3º estágio do VLS (Operação Zeta)

A história do Brasil foi marcada, em vários momentos, pela atuação decisiva do IAE, quando, pelo uso da criatividade e competência de seus técnicos, ofereceu soluções que vieram a resolver problemas, ou assegurar o progresso. Assim, podemos lembrar do programa do álcool, da indústria aeronáutica brasileira, da indústria de armamento aéreo, do programa espacial brasileiro, isto só para citar algumas das contribuições diretas e realmente comprovadas. Hoje, o IAE atua em três subprogramas principais: aeronáutico, bélico e espacial. Entretanto, tendo em vista a larga capacitação adquirida em seus laboratórios, desenvolvem-se projetos, os mais diversos, que beneficiam vários segmentos de interesse nacional.
Dentre estes, podemos citar a área de materiais onde inúmeras contribuições são oferecidas ao setor médico (válvulas de coração, próteses ósseas, etc.), a área de motores automotivos, a indústria de construção civil, etc.. Dentro dos três subprogramas citados destacam-se alguns projetos em andamento, como: veículo lançador de satélites (VLS), o míssil Ar-Ar (piranha) e o avião leve de ataque (ALX).

O IAE continua sendo um grande instrumento da política de pesquisa e desenvolvimento do país, oferecendo, através da competência e da dedicação de seus servidores civis e militares, grandes resultados que, como ocorreu no passado, ajudam no processo de crescimento tecnológico do país.




IEAv

Em 1976, com a necessidade de enfatizar a pesquisa pura e aplicada, surgiu, dentro do antigo Instituto de Atividades Espaciais (IAE), a Divisão de Estudos Avançados cujas atividades seriam orientadas, essencialmente, para tópicos avançados em desenvolvimento tecnológico e ciência pura e aplicada. O crescimento da Divisão deu-se de uma forma rápida, antecipando a necessidade de um reajuste estrutural, uma vez que a estrutura de Divisão havia sido superada. Inicialmente a Divisão seria transformada em Laboratório de Estudos Avançados, com estrutura independente. Em 1982 foi criado o Instituto de Estudos Avançados, visto que a designação Laboratório estava reservada para estruturas de menor porte.


Míssil ar-ar MAA-1 instalado em um AT-26 Xavante (Operação Piranha V - Natal, 20/07/96)


O IEAv tem por missão realizar pesquisas e desenvolver tecnologias e estudos avançados de interesse do MAer. Dentro dessa filosofia de trabalho, dá-se ênfase aos programas de pesquisa aplicada, embora se canalize uma parcela substancial deste esforço à pesquisa em ciência pura. Desta forma, em consonância com estas diretrizes básicas, o IEAv tem procurado desempenhar sua missão, tendo em vista atender programas de interesse nacional, e em particular do MAer, fornecer apoio técnico-científico aos demais órgãos do CTA e promover a formação de um ambiente propício ao desenvolvimento de criatividade e de espírito de iniciativa em pesquisa, fundamentado na busca persistente da atualização técnico-científica e no aprofundamento dos conhecimentos da natureza.

O IEAv possui em seu quadro pessoal altamente especializado, com grande número de PhD’s e Mestres, desenvolvendo, atualmente, projetos na área nuclear (separação e enriquecimento de isótopos de urânio, reatores regeneradores rápidos, acelerador linear de elétrons, descontaminação radiológica), eletrônica óptica (central inercial de navegação a fibra óptica, sensores ópticos), LASER’s, sensores infravermelhos, sistemas computacionais, radares, aerotermodinâmica, hipersônica, etc..

O IEAv constitui assim importante papel no desenvolvimento tecnológico da nação, fornecendo terreno fértil para o desenvolvimento da originalidade do pensamento, fortalecendo a iniciativa e consolidando o conhecimento da natureza, ingredientes básicos para o desenvolvimento de "know-how" próprio.


IFI

O Instituto de Fomento e Coordenação Industrial, criado em 20 de agosto de 1971, é o órgão, dentro da estrutura do CTA, que funciona como elo de ligação, entre os demais institutos e usuários, com a indústria aeroespacial. Assim, sua tarefa consiste em detectar oportunidades e carências, analisando-as, propondo soluções e nelas interessando outros órgãos estatais e privados, no cumprimento de sua missão de fomento, coordenação e apoio às atividades e empreendimentos que visem o desenvolvimento e a consolidação das indústrias aeroespacial e de equipamentos aeroportuários do país. Integram igualmente sua missão as atividades de homologação de empresas e de produtos aeroespaciais.


Discos de freio em carbono/carbono utilizados em aeronaves e carros de Fórmula 1




Tubeira de foguete em compósito carbono/carbono

O CTA é o órgão central do Sistema de Metrologia Aeroespacial - SISMETRA, e o IFI o encarregado de sua consecução, difundindo a filosofia de confiabilidade, através dos preceitos de qualidade, em laboratórios do MAer e das empresas que prestam ou venham a prestar serviços metrológicos ao MAer.. No IFI fica o Laboratório Central de Calibração, o qual detém padrões primários rastreados junto ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - INMETRO e à United States Air Force - USAF, estando apto a prestar, sob consulta, serviços de calibração para terceiros.

Atua nas áreas de homologação aeronáutica, visando a execução de atividades relacionadas com produtos aeroespaciais para fins civis, e homologação militar, visando a adequação de produtos aeroespaciais de emprego militar.

Entre tantas outras tarefas, em paralelo, surge a "Normalização", que fornece base para várias ações da iniciativa privada ou governamental, elaborando, atualizando e divulgando normas técnicas para o setor aeroespacial, bem como realizando o acessoramento normativo.

É ainda responsável por treinar os recursos humanos responsáveis pelo desempenho das funções acima mencionadas, buscando o aperfeiçoamento contínuo do profissional da "Qualidade".


GIA

O Grupo de Infra-Estrutura e Apoio tem por missão o planejamento, a direção, a coordenação, o controle e a execução das atividades administrativas e de apoio do CTA, sendo constituído por oito divisões: Engenharia (DE), Intendência (DI), Pessoal Militar (DPM), Pessoal Civil (DPC), Saúde (DS), Licitações (DL), Odontologia (DO) e Serviços Especiais (DSE).

A DE cuida basicamente da parte de infra-estrutura do CTA: abastecimento de água, energia elétrica, pavimentação, etc..

À DI compete toda parte logística, ou seja: finanças (tesouraria), subsistência (rancho), reembolsável (supermercado), provisões (fardamento) e registro (controle de bens móveis).

A DPM cuida de toda a parte ligada ao efetivo, alterações, boletins, etc..

A DS é responsável pelo atendimento médico e hospitalar dos servidores e seus dependentes, e a DO é responsável pelo atendimento odontológico.

A DL é o órgão responsável por toda a parte de execução orçamentária dos recursos financeiros alocados ao CTA, processando as fases de realização da despesa, desde o pedido de aquisição de material até a emissão da nota de empenho.


Ensaio funcional da coifa ejetável do VLS


A DSE engloba toda a parte de vale-transporte, creche, pré-escola e assistência social, entre outros.


IPV

Criado em 1960, com o nome de Curso de Proteção ao Vôo (CPV), e posteriormente denominado Curso de Comunicações e Proteção ao Vôo (CCPV), tinha a finalidade específica de preparar Oficiais da Força Aérea para as funções de acessoria e chefia dos órgãos operacionais do Sistema de Proteção ao Vôo.

O incremento do tráfego aéreo e a instalação de novos equipamentos de infra-estrutura no Brasil geraram necessidades crescentes dentro da atividade de ensino especializado. Inicialmente, foram desenvolvidos cursos operacionais e de manutenção, nas áreas de tráfego aéreo e meteorologia e mais tarde, atividades específicas de ensino, inspeção de vôo, etc..


Tratamento térmico dos motores do VLS na Eletrometal

Em 1972, o CCPV foi denominado Centro de Atualização Técnica - CAT e finalmente, em 1978, o CAT passou a denominar-se Instituo de Proteção ao Vôo - IPV.

O IPV é um órgão do MAer. diretamente subordinado à Diretoria de Eletrônica e Proteção ao Vôo - DEPV, sendo unidade hóspede do CTA e tendo por missão a formação e a especialização dos recursos humanos nas áreas de: Controle de Tráfego Aéreo, Eletrônica e Comunicações, Informação Aeronáutica, Informática, Meteorologia e Inspeção em Vôo, bem como a pesquisa e desenvolvimento de estudos e projetos relativos à navegação aérea.

Nesta área, o IPV desenvolveu simuladores de radar de área terminal suportados por microcomputadores e os instalou em 10 países da América do Sul e Caribe, atendendo assim ao projeto de cooperação internacional para o desenvolvimento da Aviação Civil nestas regiões.

Até o ano de 1995, o IPV já teve 17.007 alunos, sendo 1.306 de países latino-americanos e países africanos de língua portuguesa.


CPOR

O CPOR-SJ foi criado em 19 de março de 1953, com a finalidade de proporcionar aos alunos do 1º ano do ITA os meios necessários à prestação do serviço militar, em nível compatível com sua formação técnico-profissional.

O curso do CPOR inicia-se cinco semanas antes do início do ano letivo do ITA, com instrução diária nestas cinco semanas, estendendo-se por todo o 1º. ano, com instrução às segundas-feiras, totalizando 56 dias, nos quais são ministrados 448 tempos de instrução, sendo 223 práticos e 225 teóricos. Até 1996 o CPOR formou 3.056 alunos.


Turma ITA 96
Última atualização: dezembro de 2008
Atenção: este site não guarda vínculo oficial com o ITA
Para informações, visite www.ita.br ou www.fab.mil.br