Divisão de Engenharia Mecânica - IEM
(Prof. Dr. Alberto Adade Filho)
O curso de Engenharia Mecânica e a correspondente divisão de Engenharia Mecânica do ITA foram criados em 1963. Na oportunidade, a estruturação do Curso contou com o apoio da Universidade de Michigan - USA através do Programa Ponto IV, e a Divisão foi nucleada por um grupo de professores do antigo departamento de Motores do ITA. No período de 1963 a 1976 foram formados 494 engenheiros mecânicos. Em 1975, através da Portaria Ministerial no 113/GM3 de 14 de novembro de 175, o curso/divisão foi transformada em Engenharia Mecânica-Aeronáutica, visando atender mais proximamente as necessidades do setor aeroespacial. A partir de então, até 1995 foram formados outros 721 engenheiros, na especialidade Mecânica-Aeronáutica. A estruturação da Divisão de Engenharia Mecânica-Aeronáutica do ITA (IEM) tem sido preservada desde sua criação: Departamento de Energia (IEME), Departamento de Projetos (IEMP), Departamento de Tecnologia (IEMT) e Departamento de Organização (IEMO). Além destes quatro departamentos, consta da estrutura da IEM uma oficina mecânica que proporciona suporte ao ensino em matérias que requerem a prática de oficina mecânica, apoio à execução de trabalhos acadêmicos e atende demanda do ITA em geral. Os departamentos de ensino consistem a menor unidade didática e científica do ITA, cabendo-lhes a responsabilidade direta pelo ensino de graduação nas suas subáreas de atuação e no ensino e pesquisa dentro do programa de Pós-Graduação em Engenharia Aeronáutica e Mecânica, nas suas diversas áreas de concentração. O departamento de Energia é responsável na Graduação pelas disciplinas das subáreas de Termodinâmica, de Sistemas Térmicos e de Máquinas de Fluxo e, a nível de Pós-Graduação atua na área de concentração Aerodinâmica, Propulsão e Energia. O departamento de Projetos tem como subáreas de atuação: Projeto Mecânico e Dinâmica de Sistemas Mecânicos; a nível de Pós-Graduação é responsável pela área de concentração em Mecatrônica e Dinâmica de Sistemas. O Departamento de Tecnologia é responsável pelas atividades de ensino e pesquisa nas áreas de materiais de emprego aeroespacial, abrangendo materiais metálicos e conjugados obtidos a partir de fibras sintéticas ou naturais, e dos respectivos processos de fabricação. O Departamento de Organização é responsável pelas atividades de ensino e pesquisa em duas área complementares: a área de Métodos Quantitativos, compreendendo as disciplinas e demais atividades em Pesquisa Operacional, Estatística Aplicada e em Processos Estocásticos, e a área de Administração de sistemas, compreendendo as disciplinas e atividades em Economia, Engenharia Industrial e Administração.
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Professores Homeageados: Hazim e Barbosa DIVISÃO DE ENGENHARIA MECÂNICA-AERONÁUTICA - IEM Departamento de Energia - IEME Departamento de Projetos - IEMP Departamento de Tecnologia - IEMT
Aguinaldo Prandini Ricieri, M. E. A. - IEAC |
Dont Worry, be MEC...
(Albino Gustavo Carreira Feijó)Foi numa tarde de setembro de 1993 que nossa história começou. Em uma reunião com os chefes de divisão dos cursos profissionais, quase todos os alunos da T.96 estavam presentes, muito atentos, e todos se fazendo a mesma pergunta: "Que curso farei?" Nesse momento, vinte e três alunos se interessaram pelo que um baixinho estressado com cara de gagazeiro - o chefe da divisão na época - dizia, e decidiram iniciar o curso de Engenharia Mecânica.
Eles, cada um com anseios ou motivos particulares, uniram-se para juntos percorrer um "loooooooongo" caminho. Estavam empenhados em fazer de tudo para que o curso que logo iniciariam fosse o melhor possível, e para isto, todos devem se lembrar muito bem, reuniram-se ainda no fim do curso Fundamental para escolher um representante entre quatro alunos: Jerônimo, Barbosa, Pará e Rebouças. Depois de longos bostejos, decidiu-se que o crucificado seria o Rebouças.
Foi neste clima de festa e alegria que finalmente, dia 28 de fevereiro de 1994, nós, futuros (e hoje, de fato) engenheiros mecânicos do ITA, iniciamos o curso Profissional. Foi um momento de muita satisfação - que confirmaria que o curso seria de fato tranqüilo - quando nos deparamos com o nosso primeiro professor: Sabóia. Alguns já o conheciam, pois ele também dava aulas no Fund., e ninguém pôde conter a emoção de ter uma matéria a menos para se preocupar. Para surpresa geral, no dia seguinte entrou em sala outro professor também "temido": o Menas (ou Menezes, como a Divisão gosta de chamá-lo).
Como se não bastasse, no início de nosso primeiro ano profissional, houve a troca do reitor e, com ele, todos os chefes de divisão foram alterados. Na Mecânica, o baixinho estressado com cara de gagazeiro fora substituído pelo Hazim, um iraquiano que aparentava ser maluco (e de fato é) e que a todo instante falava com muito orgulho sobre um tal carro feito com banana, que ninguém entendia direito o que era. Entretanto, como ele mesmo costuma dizer, "De verdade, eu entrou no divisão junto com as pessoal da T.96, e eu quer, de verdade, ajuda todas eles". De fato, em muitos apuros que passamos ele esteve - e ainda está - ao lado de nossa turma.
Naquele primeiro semestre começamos também a nos conhecer um pouco melhor; afinal, alguns não haviam estudado juntos no Fund. e pudemos, pouco a pouco, ir conhecendo algumas características de cada um. Todos devem se recordar dos fatos mas, com certeza, não sabem quantificar: os relatórios atrasados do Mello e do Ciliato, as aulas em que o Linhares não estava presente, os relatórios cancerizados do Rebouças e do Albino, as "gatinhas" do Diniz e do Tamashiro e, principalmente, os laboratórios que o Billy Boy (também conhecido como Sérgio) bizulentou...
Mas nem tudo ia bem. Os tempos estavam começando a mudar. Dois colegas haviam sido trancados naquele primeiro semestre: o primeiro, Munaretto, que na época era capitão, decidiu retornar para o Sul; o outro, o Pará, teve problemas particulares e resolveu trancar o semestre, muito embora até hoje o Bola-Dois ainda o ameace, lá em Belém, a dar um "R" em MEB caso ele não vá à sua sala para se explicar. E mais, dará faltas ao coitado.
No final do semestre começamos a perceber que as coisas iriam complicar. Inacreditavelmente, o Sabs conseguira deixar alguém de segunda época, mas não que ele quisesse. O responsável por tal proeza, todos devem se lembrar, foi o Rebouças, que nesta época já havia deixado o ótimo cargo de representante para o Albino (este, mal sabia em que enrascada estava entrando...). Para fechar o semestre, a confirmação: durante um dos exames, o tempo estava tão sombrio, o clima tão enevoado - como nos filmes de terror - que o Moura Neto teve de servir cafezinho para os alunos se esquentarem e conseguirem responder às mais de vinte questões bostejativas sobre assuntos "importantíssimos". A cena era sui generis: alguns alunos tomando chá, outros café, e, entre um gole e outro, creeps, perlitas, soldas, TTTs e outros temas iam sendo despejados sobre o papel.
Pois bem, tudo que é bom dura pouco. Quando todos nós estávamos começando a nos acostumar com a "dura" rotina da MEC, entra em sala de aula um grande "amigo" de todos os alunos da Mecânica há mais de quinze anos: o Chefia do Controle. Era o início das trevas sobre os sonhos dos alunos. Todos começavam a se perguntar: "Quem foi que disse que o curso de MEC era tranqüilo?"
Víamos a turma de AER com grandes dificuldades em promover seus churrascos (quinzenais), e somente alguns alunos da MEC conseguiam se descontrair: o pessoal da ABITA, liderado na ala civil pela dupla Ramiro e Marcelo e na ala militar, disparadamente pelo Diniz pegando pesado; os marombeiros Dino, Fábio e Sandro "relaxando" na sala de musculação; o Isaías, o Ilson e o Alvimar tomando uma lá no Cassino dos Sargentos e vez por outra, o Linhares oxigenando o cérebro, defronte à Reitoria, gentilmente segurado pelas canelas, demonstrando muito equilíbrio. E, sempre, o Billy bizulento Boy bizulentando.
O bicho começou a pegar para o nosso lado. Mais ainda quando apareceu o Lindolfo, que falava algo sobre parafusos, porcas, molas e outras peças que se encontram em lojas de ferragens. Junto com o Gonzaga, propunha dois trabalhos para o mesmo semestre, um mais sem noção que o outro: construir uma talha e projetar uma furadeira.
Desconsiderando-se o stress que sofremos durante ambos os projetos, seus resultados foram muito expressivos. Como não havia materiais, as talhas foram feitas de um modo totalmente improvisado; porém, há que se destacar dois modelos. O guindaste do grupo do Ramiro, Peterson, Fred, Ciliato e Isaías e a talha do grupo dos milicos - Santana Jr., Gigo, Diniz, Tamashiro e Barbosa - pareciam aparelhos de ginástica, com dezenas de barras de ferro soldadas, que realmente metiam medo. Já os modelos do tipo "kit-faça-você-mesmo" usado pelos grupos do René, Albino, Marcelo, Rebouças e claro, Billy Bizulento Boy e do Ilson, Fábio, Dino, Sandro, Jerônimo e Linhares eram feitos de materiais chamados "sucata", como aqueles usados pelas crianças nas escolinhas. Este último grupo inclusive mostrou o equipamento mais funcional pois quase conseguiu, com a ajuda de um pequeno motor, colocar um peso de um quilo em órbita!
Além destes trabalhos de "recreação", por fora ainda corria o Buscapé, que gostava de cozinhar elementinhos de viga e costumava dar aula de óculos escuros (pois, segundo ele, sem eles, enxergava pontinhos verdes no ar) e engatinhava o Furloni, que tentava, com o apoio da "crasse", ressuscitar um laboratório de hidráulica que havia enferrujado trinta anos antes.
Mas todos eles juntos não eram capazes de bater o Campeão. Suas transformadas, seus diagramas de blocos e implementações computacionais em softwares de última geração (CSMP e Tutsim - o Tut vem de Tutancamon) deixavam todos os alunos malucos. Naquele semestre um fato lamentável ocorreu, que serviu para unir ainda mais o grupo e nos preparou para enfrentar, de forma brilhante, os outros obstáculos que apareceram em nosso caminho. A história, todos devem lembrar, começou por causa daquele feriado emendado que a divisão de alunos não autorizou. O campeão resolveu descontar na prova, duas semanas depois. Resultado: CATRÁSTROFE. O melhor ocorreu no final do semestre, pois não demos para ele o gostinho de deixar ninguém de segunda época - só nós sabemos a que custo!
O semestre ia passando aos trancos e barrancos, mas um acontecimento único na história de toda a 96 (que certamente ainda vive na mente dos que o presenciaram) serviu para descontrair os ânimos dos alunos. Era mais uma daquelas aulas do Bola-Dois, e, como sempre, todos estavam distraídos. Porém, um aluno em particular estava olhando o teto e, tão entretido e emocionado que estava em observar o ventilador que persistia em girar, acabou se esquecendo do chão. Num instante de total silêncio da classe ouviu-se o estrondo. Todos se entreolharam para saber o que havia acontecido, quando percebemos duas pernas balançando no ar. Segundos depois, víamos o autor da proeza, o Ramiro, tentando se levantar, e obviamente, todos demos um grande apoio moral ao coitado, inclusive o professor, com ótimos minutos de riso.
Após o primeiro ano muito agitado, nós nos encontrávamos de fato preparados para enfrentar os próximos dois que viriam. Certos de que o mito de "curso safo". estava caído por terra, entramos no segundo profissional com uma grande comemoração: finalmente conseguíamos fazer o primeiro (de uma longa série de três) churrasco da Mecânica. Depois de muita insistência do Hazim, conseguimos organizá-lo. Foi tudo muito bom, só com um pequeno detalhe: quem havia pedido, insistido, torrado a paciência para fazer o churrasco não apareceu.
Não cabe aqui ficar relembrando todo o gagá e as aulas a que assistimos mas convém lembrar algumas provas que fizemos.
Durante uma prova do Góes, no meio do exame do Frascino e no início de uma prova do Hazim, apareceu um senhor meio calvo, que entrou na sala de aula, e, mesmo em silêncio, chamou a atenção de todos finalmente dizendo: "Bom Dia Crasse!" Após dois ou três minutos, vendo que não houve resposta, soltou outra brilhante sentença, uma pérola de dedução, que deixaria os consultores orgulhosos: "Vocês estão fazendo prova ?" Não satisfeito, insistiu: "É do Professor João Barbosa ?" - e quando todos estavam prestes a se jogar pela janela, ou melhor, a atirá-lo pela mesma, veio o nobre motivo de sua presença: "Frederico, cadê o Frederico. Você está me devendo o relatório de Turbina Pelton. E o Lindomar também". Depois da boa recepção feita por nós, ele saiu de sala, atrapalhando a concentração de todos. Aqui cabe uma pequena ressalva, que os alunos da MEC-96 sabem, mas que outros leitores talvez não conheçam: nada mais justo que um professor cobre os trabalhos de seus alunos, e que seja insistente, mas três vezes já é demais. Ainda pior, é que na terceira vez, no fim de setembro, ou seja, no segundo semestre, ele estava cobrando um relatório do primeiro semestre!
Houve ainda muitos outros fatos e histórias dentro da turma que, caso eu fosse relatar, gastaria uma revista só para a Mecânica (a idéia até que é boa, mas infelizmente, como meus colegas sabem, tenho pouco poder de bostejo). Eu não seria capaz de escrever muito sobre esses assuntos, mesmo sendo eles importante e me trazendo somente boas recordações.
O intuito maior em descrever alguns fatos ocorridos pela nossa turma foi o de relembrar dentro da MEC-96 acontecimentos engraçados e outros nem tanto, mas que mostraram a grande união de todos os colegas nos momentos difíceis, e apresentar algumas facetas desta turma tão especial que certamente fez parte da história deste instituto. Gostaria de agradecer a Barbosa, Ciliato, Dino, Diniz, Fábio, Fred, Gigo, Glasberg, Ilson, Isaías, Jerônimo, Lindomar, Linhares, Marcelo, Papa, Peterson, Ramiro, Rebouças, René, Sandro, Santana Jr., Sérgio e Tamashiro, e aos colegas que iniciaram o curso, mas infelizmente não o concluíram conosco, Pará e Munaretto. Também fica um agradecimento especial a todos os outros colegas e àqueles que nos ajudaram durante esse período, e nos mostraram realmente o significado da palavra companheirismo.
Formandos 1996:
Albino Gustavo Carreira Feijó 05/03/75 - São Paulo-SP |
Avandelino Santana Júnior - Cap Av 07/11/64 - Santo André-SP |
Carlos Alberto Rebouças - 1º Ten Eng 26/03/74 - São Vicente-SP |
Diniz Pereira Gonçalves - Cap Av 17/12/63 - Nova Iguaçu-RJ |
Ernesto Luiz dos Santos Pinheiro 18/04/71 - Rio de Janeiro |
Fábio Massao Takehara 24/09/72 - Jales-SP |
Fausto Ivan Barbosa - Cap Av 17/04/64 - Taubaté-SP |
Frederico de Mello Moura 08/12/72 - Rio de Janeiro |
Giovanni Dias Ciliato - 1º Ten Eng 17/03/71 - Brasília-DF |
Ilson Peres Dal-Ri Júnior 26/12/73 - São Paulo-SP |
Isaías Manoel de Oliveira Militão 21/07/74 - Fortaleza-CE |
Jerônimo Pereira de Souza 21/06/71 - Crato-CE |
Leonardo Linhares Rodrigues 12/10/73 - Rio de Janeiro |
Lindomar Alves Pereira - 1º Ten Eng 05/03/70 - Dom Aquino-MT |
Luís Guilherme Gigo - Cap Av 18/07/63 - São Paulo-SP |
Luís Henrique Getino 11/05/73 - São Paulo-SP |
Marcelo Glasberg 13/06/73 - Rio de Janeiro |
Marcelo Nóbrega da Costa 12/10/73 - Fortaleza-CE |
Peterson Queiroz Araújo 13/11/72 - Guaratinguetá-SP |
Ramiro Pinto Carvalho Coelho Neto 26/07/72 - Brasília-DF |
Raul René Valle Agostini 21/06/73 - Tegucigalpa-Honduras |
Renato Yassuo Tamashiro - Cap Av 12/03/65 - Santos-SP |
Sandro Grangeiro Leite - 1º Ten Eng 18/09/73 - São Paulo-SP |
Sergio Afonso Lago Alves 19/12/72 - Santana do Livramento-RS |